Como a disciplina da inovação pode mudar sua empresa (para melhor)
Investir em inovação é essencial para manter ou elevar o nível de competitividade de empresas de qualquer porte ou setor. Segundo Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, a inovação é um fenômeno mais sociológico do que tecnológico, de forma que se uma empresa não está alinhada com as características e tendências do seu mercado, tende a tornar-se irrelevante frente à concorrência com o passar do tempo.
Por menor que seja o nível de rivalidade dos concorrentes ou o poder de barganha do consumidor, é apenas uma questão de tempo até que a estagnação do desenvolvimento interno de uma empresa se converta em perda de competitividade. Seja na pesquisa e desenvolvimento de serviços e produtos, na operação ou na gestão, criar uma cultura de inovação permite que a empresa esteja sempre em busca de oportunidades para se tornar melhor em tudo o que faz.
Para muitas empresas essa mudança cultural é uma verdadeira quebra de paradigma, pois deve envolver toda a sua cadeia de valor. A inovação pode ser fruto de insights a partir de experiências vivenciadas e analisadas em qualquer área de empresa, interna ou externamente. Sendo assim, nos setores mais tradicionais, como indústrias pesadas ou setor financeiro, bem como na esfera pública, é comum haver resistência à mudança.
Uma metodologia já amplamente utilizada por empresas fora do país, e que nos últimos anos vem auxiliando um número cada vez maior de empresas nacionais a superarem esse desafio é o design thinking. Ao contrário do que muitos pensam, o termo “design” está mais ligado à palavra “projeto” do que “desenho”. Sendo assim, design thinking é uma metodologia de inovação, uma forma projetizada de se identificar e trabalhar oportunidades, em um processo que vai desde a imersão aprofundada na questão até a aplicação de testes (protótipos), para enfim se alcançar uma solução satisfatória.
É fácil imaginar como é importante para empresas como Apple e Samsung investirem em inovação. Elas iniciam o planejamento de alguns de seus principais produtos com alguns anos de antecedência ao seu lançamento, baseando-se em insights obtidos em pesquisas e análises de tendências. No entanto, quem poderia imaginar que uma empresa de software de controle financeiro, por exemplo, poderia construir uma cultura de orientação ao design?
Em um artigo da Harvard Business Review, Brad Smith, CEO da Intuit, criadora de um dos softwares de finanças pessoais mais conhecidos e utilizados no mundo – o Quicken – resume bem a importância desta transformação na sua empresa: “Nosso processo de desenvolvimento de produto era muito gradual e concentrado nos recursos e na facilidade de conclusão de tarefas. Precisávamos de um despertar e de uma grande visão. Precisávamos que todas as pessoas compreendessem que projetar ótimos produtos e experiências de usuário é um esporte coletivo, que inclui não só designers e gerentes de produto, mas todos os demais funcionários – até o CEO”. Para se ter uma dimensão da mudança, em 2006 a empresa contava com seis designers no nível executivo, e hoje possuem 35.
Existem algumas variações da metodologia por trás do design thinking, porém todas se baseiam em uma estrutura principal básica:
a) O entendimento/aprofundamento sobre o problema;
b) A geração de insights e ideias;
c) A prototipagem/testes das soluções criadas a partir das ideias;
d) A definição e implantação da solução mais eficaz, que resultará na inovação.
Essas etapas podem ocorrer de forma não linear, e podem envolver desde pequenos grupos de colaboradores internos, até departamentos inteiros, organizações parceiras e o consumidor. Para isso, são utilizadas diversas ferramentas de geração e análise de dados, em sua maioria colaborativas, como pesquisas, workshops e brainstormings.
Em empresas com menor nível de maturidade em cultura de inovação, pode-se começar de uma forma simples, por exemplo implementando reuniões periódicas com representantes de diferentes setores, pautadas na análise dos comentários feitos por clientes na pesquisa mensal de satisfação realizada junto a clientes, para geração de insights. Isso pode progredir para a implantação de pequenas mudanças em determinados setores, até a criação de novos serviços e/ou produtos. O mais importante é dar início a essa cultura, e fazer com que isso aos poucos se reflita em resultados práticos.
Reinhold Steinbeck e Edgard Charles Stuber, especialistas em design thinking, enxergam grandes oportunidades para essa medotologia no Brasil. Em matéria para a HSM, eles explicam que “uma porta de entrada para a metodologia em nossas (do Brasil) organizações é a da capacitação dos colaboradores para resolverem problemas cada vez mais complexos, que exigem mais criatividade – principalmente a capacitação dos que têm contato direto com os clientes: o pessoal de vendas, marketing e assistência técnica.”
Outra grande vantagem de empresas que possuem cultura de inovação é geração periódica de insights que podem auxiliar no seu planejamento estratégico de marketing, bem como o ganho de agilidade na implantação destas estratégias, na medida em que seus colaboradores e executivos já estão pré-dispostos a isso.
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