Bruno Amaro é Diretor Executivo da Loupe Consultoria, especializada na busca e identificação de talentos. Premiado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos, possui uma visão muito clara a respeito de gestão de equipes e nos passou informações e dicas valiosas sobre como ser mais assertivo na hora de montar uma equipe de alto desempenho.
Quais são os erros mais comuns na hora de montar uma equipe?
Primeiro temos que entender as competências que a empresa exige, para que possamos montar a equipe com aderência. Segundo, é preciso ter alguém na gestão que possa inspirar a equipe a chegar ao objetivo. Um dos erros mais comuns é não ter as competências mapeadas ou fazer promoção de pessoas muito técnicas para área de gestão. Muitas vezes as empresas ficam sem saída e buscam essa linha, tentando adaptar o profissional a competência que desejam, o que não funciona.
Dou como exemplo um caso na área de corretores de imóveis: imagine um profissional que vende duas a três vezes a média dos outros funcionários e acaba sendo promovido ao cargo de liderança. Sem qualquer tipo de avaliação, treinamento e desenvolvimento das competências que são requeridas para a função, o resultado provavelmente será um impacto negativo na equipe e uma grande desmotivação desse profissional, que se vê frustrado devido ao resultado gerado.
Como podemos identificar e trabalhar as competências dos membros da equipe para aumentar o desempenho?
A identificação é feita por mapeamento prévio das competências do profissional. Através disso, você deve entender as lacunas que o profissional precisa e é capaz de desenvolver ou que a empresa possa apoiar o desenvolvimento. Existem algumas ferramentas de mercado para identificar essas competências, como o PI, PPA, DISC, PICS. Todas essas ferramentas dão um apoio, mas o que irá fazer a diferença será uma avaliação em entrevista presencial e, principalmente, no acompanhamento diário, através de situações e desafios reais aos quais os membros do projeto são submetidos.
Sobre o perfil técnico e comportamental do indivíduo, existe um modo de encontrarmos o equilíbrio?
Acredito que o equilíbrio nunca vai ser alcançado. Pode ser uma busca constante que nunca terá fim. O técnico está ligado ao ato de fazer acontecer com o conhecimento adquirido e o comportamental às atitudes frente a uma situação ou desafio.
Para fazer esse alinhamento com a parte comportamental, podemos utilizar ferramentas como o coaching, que ajuda o indivíduo a se desenvolver em questões relacionadas a forma como ele encara as situações do cotidiano no projeto.
A parte técnica é trabalhada através de cursos de formação especializados em determinada atividade do conhecimento. Participação em treinamentos, eventos e palestras ajudam nesse desenvolvimento.
E com relação a equipe?
Em curto prazo, dentro de uma equipe você consegue mexer as peças e montar de acordo com a necessidade de um projeto, trabalhando de modo que um complemente o outro. No entanto, o ideal é que todos sejam desenvolvidos para que possam cumprir os requisitos, tendo em vista outros projetos semelhantes no futuro. Essa tarefa cabe ao gestor e a empresa.
Depende também do nível do projeto. Todos são únicos e tem suas próprias particularidades, portanto é necessário entender a fundo as necessidades para que esse equilíbrio exista do início ao fim.
Qual é a melhor forma de lidar com conflitos na equipe?
Essa é clássica. A questão é “não empurrar para debaixo do tapete”. É colocar as duas pontas para conversar, delinear e reforçar objetivos, apresentar as diferenças e, se for preciso, desenvolver uma parte técnica.
Deve-se colocar prazos para resolver tais questões na resolução dos problemas. É normal esse tipo de situação ocorrer em uma equipe que está engajada no projeto. Os pontos de discordância sempre irão existir.
Existem diversos tipos de conflito, o perde-perde, o perde-ganha e o ganha-ganha. Pode chegar um momento mais extremo em que se o indivíduo continuar nas mesmas questões, lacunas, abstrações e não realidades, você terá que tomar decisões mais firmes, até mesmo o não continuísmo dele dentro do projeto.
Quais técnicas você recomenda para engajar os membros da equipe e gerar melhores resultados?
O primeiro passo é ter um conhecimento muito claro do negócio do cliente ou do projeto, as áreas, o contexto e a cultura organizacional. No segundo momento é o conhecimento dos membros, as possibilidades individuais e do grupo.
Dos indivíduos, deve-se entender todo o histórico de carreira, os projetos passados, as funções desempenhadas e, novamente, o perfil comportamental. Isso ajuda a ter uma solução diferenciada para engajar a equipe. A ideia é equalizar a expectativa do nível de entrega do projeto em relação até onde a equipe pode chegar. A partir daí, no dia a dia você consegue melhorar os resultados.
E quantos as metas? Como podemos utiliza-las para engajar?
Metas em grupos e individuais são importantes. Elas podem engajar de acordo com a maturidade do time. Porém, não adianta ter as metas e não existir as recompensas, pois isso não irá motivar a maioria. Esse é um ponto controverso em equipes heterogêneas, onde as pessoas possuem objetivos e necessidades individuais distintos.
Para finalizar, existe alguma outra dica que poderia ser usada pelas empresas?
A questão é que não existe uma receita de bolo, mas uma situação mais coerente de acordo com o contexto. É muito circunstancial. É claro que não dá simplesmente pôr um engenheiro técnico para trabalhar na área de vendas, pois dificilmente irá se adequar. No entanto, isso pode ser muito positivo, se esse engenheiro tiver um perfil comportamental que se encaixe na área, um histórico ligado a comercialização de matérias industriais e se o business da empresa for de engenharia.
Portanto você deve identificar o perfil de cada profissional para encaixá-lo na posição certa dentro do projeto. Não podem ocorrer expectativas em cima de um só indivíduo. A situação ideal é a busca de uma equipe que esteja entrosada e que se complemente o máximo possível.
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